sexta-feira, 16 de abril de 2021

"Éramos mais velhos do que quando éramos amigos"
Hoje sonhei com o N, que por tempo indeterminado chamarei de NV. A intimidade que existia foi intimidada a extinguir-se. Eu tava numa festa, parecia ser numa galeria de arte, ou um dos espaços internos do parque Ibirapuera. Algo chique e simplista. Paredes brancas e bordas pretas. Entrei no sonho dando alguns passos, e duas pessoas se materializaram no canto direito do meu campo de visão. Se aproximavam pra cruzar o meu caminho, mas eu não esperava interação com nenhum desses corpos sem identidade. Então o sonho fez upload das informações da situação que estava pra acontecer. Aquele era o NV, e ele estava com algum outro comediante, não sei quem. Ambos usavam calça e camiseta preta, e não tinham cabeça. Entendendo quem era, e a menos de 1 metro de nos colidirmos, dei uns passos seguindo pra minha esquerda, queria evitá-los. Mas o NV se colocou no meu caminho. "Hey, e ai cara, calma. Tudo bem?" A cabeça dele apareceu do nada, encaixada certinha no pescoço, como se fosse decepado ao contrário. O ser adjacente sumiu de quadro, ficando apenas eu e o NV, e toda a tensão e confusão. Ele estava tentando cumprimentar um velho amigo. Éramos mais velhos do que quando éramos amigos. Me veio uma ânsia de vômito emocional. Antes que a interação padrão de "Quanto tempo, como está?" se estendesse por mais que 5 segundos, regurgitei minha dor. "Você me abandonou". Todas agulhas já procuradas em palheiros desde o surgimento da palavra "metáfora", espetavam o meu córtex cerebral. E as coisas que disse a seguir, foi o mais próximo que já cheguei de controlar um sonho. "Eu não sou o que disseram, não fiz o que falaram. Fiz muita coisa ruim, mas não fiz coisa muito ruim. Você deixou uma porta aberta na minha vida, uma porta aberta num dia de tempestade onde o vento era feito de facas" Eu chorava mas não sentia lágrimas. Acordei, não lembrava do sonho. Pus comida no pote das gatas e fiz um café. Fui pegar o cinzeiro na prateleira ao lado da cama, e me veio. Falei em voz alta "Merda... ah não meu. Sonhei com o N"