sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Eu & o cheiro

6 dias sem desodorante
6 dias sem usar desodorante. Meu desodorante acabou, fiz uma lista de itens em falta no meu arsenal cotidiano de um ser humano urbano, e algo a mais, como pequenos desumidificadores. Bolor, você me causa dor, pelo menos quando está em minhas roupas e bags dos meus instrumentos musicais.
Desodorante, desumidificadores, flanelas, lustra móveis, bananas, essa é a lista. Vou até o mercado e compro tudo, menos o desodorante. Me dei conta quando retornei ao lar, e é fim do dia, a chegada da minha insônia está próxima (minha insônia trabalha num sistema de rotação lunar, gira em torno de si mesma enquanto completa translações à minha volta), não precisarei de desodorante mais hoje. E em caso de saída emergencial, tenho polvilho granado, água, sabonete e roupas limpas, condições ideais pra me arrumar para uma entrevista de emprego, ou 12, e depois de falhar em todas, tomar um banho pra tentar esquecer um pouco de minha própria existência, enquanto a água escorre no rosto, que fica escondido como uma caverna coberta por cataratas de shampoo. Não voltei pra comprar desodorante esta noite, nem na seguinte, nem na próxima, ou na manhã que seguiu, fui na base do granado, como se meu sovaco fosse viciado em cocaína de polvilho, Pablo Granado Escobar.
Mesmo com banho, sabonete e granado, comecei a sentir um cheiro engraçado, enquanto sentado com meu violão, treinando um dedilhado. Um cheiro forte, que não tem medo ou receio de existir, um cheiro que não se deixa ser ignorado, um cheiro com personalidade, tudo que eu não tenho. Um odor me atinge as narinas e pinta as paredes do cérebro, como sangue espirrando numa porta branca em um filme do Tarantino. Me acostumei com sua presença, acreditei que ele me tornava mais forte e original, não me escondo mais atrás do DES em desodorante, chega de des. Sem desodorante, sem desistir.
-lembrando que vivenciei essa experiência sem sair de casa, foi durante o processo de composição do meu novo álbum, que sai em dezembro. Então nesse texto, não há coadjuvantes sendo incomodados pela explosão de aromas que estava acontecendo em mim, que tem sido minha aura catártica de auto aceitação
Quinto dia: estou escrevendo a letra de uma música do álbum novo, em minha cadeira de rodinhas dentro do meu estúdio, em frente a uma mesa de concreto moldada na parede, que também é de concreto e tijolos, um lugar rústico(antigamente esse espaço era um ateliê de cerâmicas). Comecei a sentir o mesmo cheiro, porém sob outra perspectiva. Cheguei à conclusão, que a meu ver(cheirar): o odor que vem da minha axila sem usar nenhum tipo de desodorante(além do polvilho), me remete a feijão queimado, aquela hora que você esquece o feijão no fogo aceso, começa a queimar e grudar no fundo da panela, é esse cheiro, e não me incomoda.
Mas desde então, toda vez que sentia, ficava alerta, como se houvesse alguma panela a ser tirada as pressas do fogo. Comecei a ficar perturbado.
Numa madrugada, acordei pra ir ao banheiro, estiquei o braço pra apertar a descarga, o cheiro subiu ao rosto, cujo as pálpebras estavam quase encostadas, e ao atingir o nariz, os olhos esbugalharam, a boca foi abrindo como um portão, do estômago subiu um vendaval de bafo, vociferando o grito que veio: FEIJÃO!
Na manhã do sexto dia, decidi que esse seria o nosso último juntos, eu e o cheiro. Passei nossas horas finais sem camisa, cozinhei feijão, induzindo uma hamonização aromática na cozinha, dancei valsa comigo mesmo no curto espaço entre a pia o armário suspenso na parede(onde guardo o pó de café, coador e filtro). De forma crescente, o apito da panela de pressão se fez presente, e finalizei a valsa, abrindo os braços em cruz, comecei a rodopiar aumentando a velocidade gradualmente, acompanhando o crescer do apito. Na última rodopiada, vi meu reflexo na parede metálica da panela, e fiz contato visual com ele. Enxerguei ali, outro eu, um que aprendeu a se aceitar, e entendeu o saco de carne, órgãos e ossos que sou(mos). Uma máscara para viver numa zona de conforto por até 48 ou 72hrs. E quando quando não restar mais nada, estivermos nus e crus, sem tempo para tabus sobre eu, tu, nos, vos, eles e seus cus, haverá apenas nosso cheiro bruto, como uma única atmosfera. E eu vi tudo isso ali, no reflexo. Terminei minha última ciranda em 360. E ainda tonto, desliguei o fogo. A orquestra gasosa comprimida silenciou, minha cabeça foi parando de girar, como um carrossel em sua última viagem, e eu estava com fome e decidido: Aprendi minha lição, porém, não aguento mais a pressão de sentir o cheiro, e pensar que em algum lugar, uma panela vai estourar.
Banho tomado, estômago cheio, pensamento formado, vou comprar desodorante no mercado. Mas antes, farei uma lista.
Fim

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

NUL - Nação Unida das Lagartixas

Sexta feira

Só pra não dizer que não escrevi nada, escreverei, escrever, escrvr, scrv, scr, scro scrro, socorro, pronto, agora foi.

Hoje choveu aqui em Santos, estou sentado dentro do meu estúdio, barra escritório, barra lugar. Amo essas janelas, quadradas e largas, abro a veneziana de madeira, depois a janela de vidro(de correr pra cima), dá direto pro breu do mato. Bambus e bichos, é lindo. E temporário, em breve saio daqui. E um dia lembrarei com nostalgia, chorarei disfarçando se essa lembrança me atingir em público.

Só não sei o que fazer com essas lagartixas cagando nas minhas coisas

Não irei matá-las, mas também não é legal cagarem nos meus instrumentos musicais. Porra, lagartixas, qual é a de vocês? E não se façam de coitadas, pois estou sabendo sobre os assassinatos horrendos que vocês tem cometido contra a população de aranhas e moscas, uma guerra suja entre vocês, e não vou me meter.

Mas vi no Google "Como espantar lagartixa sem machuca-las? Porque ela tá cagando nas minhas coisas, e isso me deixa transtornado, porém quero uma solução que beire à uma negociação democrática" e dei search.
Encontrei uns resultados, com uma técnica em comum: botar cascas de ovos rachadas, divididas ao meio, não amassadas, não esmigalhadas, não em 5 pedaços, mas rachadas ao meio, isso é muito importante, bem no meio, e semi aberta, sem nada dentro. Dizia que isso afastaria as lagartixas. Pois elas veriam os ovos rachados exatamente no meio, sem nada dentro, estrategicamente posicionados em lugares onde não haviam ovos antes, e pensarão "Tem um predador aqui, e ele tá comendo os ovos dos ninhos espontâneos desse lugar. E vocês sabem como predadores são, eles não comem pão de forma com borda, e nem ovos, se a casca não estiver quebrada de forma precisa e simétrica, bem ao meio". Então comi 6 ovos cozidos, caminhei da cozinha de dentro da casa, até o estúdio, que é uma casinha ao lado de fora de casa, um imóvel agregado. Tem um caminho de uns 50 metros, a céu aberto, o chão tem largos azulejos de pedra, cor azul marinho e cinza. Fiz esse trajeto levando as cascas dentro do bolso do moletom canguru, e fui peidando.
Entrei no estúdio, coloquei 3 pares de cascas em cima de um armário de alumínio. O armário tem uns 2m e dois andares, cada um com uma portinha laranja que guarda um compartimento largo no interior(nesse dois andares, guardo meus pedais e microfones), e agora em cima desse armário metálico, tem ovos, muito bem colocados. E no outro canto do escritório, barra estúdio, em cima de uma prateleira branca, pendurada na parede crua de tijolos. O estúdio inteiro é meio rústico, tijolo, cimento, vedações, porta e armários, bancadas e cascas de ovos, agora três pares em cima da bancada e 3 pares em cima do armário.

2 dias depois, os cocôs diminuíram, eram uns 7 por dia, caiu pra 1, alguns dias, 2.

Penso que isso faz parte de uma super liga de lagartixas unidas pela perpetuação da espécie. Foi assim, uma reunião do conselho de lagartixas, pauta: como garantir a sobrevivência e continuidade da espécie, contra o gigante império opressor e desenfreado de inseticidas?

Era necessário agir com discrição, viralização sem atacar o inimigo, e eficácia. A melhor maneira de viralizar sem usar veneno, é através da informação.

-Alguma lagartixa aqui sabe usar o Google?

Duas lagartixas haviam passado uns 8 semestres em uma escola técnica de TI ali perto, e manjavam de softwares, sites e senhas. Missão iniciada. Foram até a escola, escolheram uma sala vazia, e invadiram. As duas lagartixas operavam uma máquina, cada uma. Eram computadores de mesa, e enquanto acessavam a internet, digitando informações no wikipedia, e respostas para sites de busca, narravam em voz alta, cada movimento, para as outras lagartixas que estavam ali presentes, assistindo com olhos fixos nas telas. As mesmas, aprendiam, e quando estavam seguras e confiantes para usarem o conhecimento que acabara de lhes ser passado, pegavam as senhas e se dirigiam às outras cpus. E todas disseminaram as redes com a informação das cascas quebradas.
Conforme digitavam, saltaram de risos tímidos, para altas gargalhadas.
Choravam de rir, confabulando detalhes específicos, e se divertiam com o potencial criativo de si mesmas ansiosas para iludirem os humanos, vê-los a cozinhar os ovos, descascá-los, ter a precaução para coloca-los da maneira exata, como descrito no Yahoo respostas.
Se olharam, contaram até 3, e todos apertaram ENTER.

Está online.

Contiveram seus risos, e combinaram entre si:
Toda vez que um humano posicionasse os ovos, a cada 5 lagartixas presentes no local, 3 teriam que ir embora. As remanescentes na residência, teriam que seguir uma dieta restrita de minúsculas mariposas, contém fibras, são leves, como alface, facilita o controle intestinal. se fossem 2, 3 ou 4 lagartixas, e os ovos são invocados, todas precisariam ir embora, tem que ser no mínimo 5, abaixo disso, é pé & rabo na parede, porta, poste, e boa sorte na busca de um novo lar.

Enquanto a regra for respeitada, não haverá um veneno de larga escala voltado pra nós, que tenha propaganda no horário nobre, com direito a animação e dublagem feita por humanos(eles vivem se apropriando de tudo, inclusive da nossa voz).

Deixa esse luxo hollywoodiano para as baratas e o Aedes.

Então pus ovos, não são meus.

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Como feridas cascudas em um vulcão


Santos, 1 de outubro
O pôr do Sol incendiava uma tela azul. Laranja e rosa agiam em sincronia como sabres de luz, inflando nuvens de cores gritantes, que resistiam abafando-as sob camadas externas em tom de carvão, como feridas cascudas em um vulcão. Fiquei paralisado por vontade própria na calçada da avenida Francisco Glicério, assistindo a essa cena como se fosse um cinema a céu aberto.
Fiquei preocupado de alguém reparar em mim ali, parado na beira da calçada, olhando pro céu, desocupado, parece o tipo de coisa que gente louca faz. Sabe? Ficar olhando pro além, com o que chamam de “cara de paisagem”, pois era isso que estava acontecendo, a paisagem e eu éramos ligados pela passagem de cores no céu, e eu devia estar quase babando, travado, com a pupila dilatada. Olhando pro céu, doido de paisagem, desses que fala no celular, que na verdade não é um aparelho telefônico, e sim um sapato, mas na nossa mente, é um FlipPhone(lembro de quando tive um desses, com display azul, era um azul irado. Não irado “bacana”, mas irado mesmo, um azul bravo, cansado de ser só azul, como o azul que estou vendo agora, que vivendo transcendência que sempre almejou, ele não sabia que o momento seria assim, mas sabia que se sentiria assim) 

-Se concentra, as pessoas que estão passando devem te achar um maluco, doido, assim, olhando pro céu, maluco mesmo. Dessa vez sua paranóia provavelmente está certa. 

Tudo que eu faço, penso que vão achar que sou maluco. 
Eu acordo: Acordei, vão achar que sou maluco.

E pra não parecer um maluco, desses de primeira classe de malucos, os que olham pro céu, e acredite em mim, eu queria muito continuar olhando pra esse céu, queria que esse arco íris agressivo entrasse num loop infinito e as cores nunca se mesclassem definitivamente, que elas ficassem eternamente no quase. Mas as pessoas não param de passar e achar que sou maluco, parado olhando o céu. Comecei minha estratégia de disfarce de maluco, ao invés de apenas olhar para o céu, comecei a olhar para os carros que vinham na avenida, analisando os modelos e placas, fingindo que to esperando um uber, e de vez em quando olho pro céu, porque não vou ficar olhando pra todos os carros, né? Eu pedi um carro só, e esse carro será de apenas um modelo, com uma única placa. Faço uma cara de frustrado, sem paciência, de todos automóveis parados no semáforo, nenhum é o que pedi, olho pro céu. Estou tranquilo, pois sou mais um ser humano normal esperando um motorista de uber na avenida, e por acaso, o céu está lindo com um por do Sol esplendoroso, mas não tenho tempo de olhar para ele durante todo seu espetáculo, pois estou esperando meu uber imaginário. Mas tá tudo bem, porque isso não é coisa de maluco, maluco é quem fica realmente olhando pro céu torcendo pra que nunca chegue a hora de haver apenas estrelas, isso é coisa de maluco, e não quem fica ponderando quantas estrelas a menos irei pontuar esse motorista que está atrasado, porque ele não existe. E esse é o principal motivo do atraso, porque eu o fabriquei na minha mente, criei o carro, o motorista, mas não criei a motivação pra ele levar esse trabalho autônomo a sério. E por isso que o carro dele foi roubado, porque ele tava dirigindo fumando maconha, resolveu parar numa rua pra tirar um cochilo dentro do carro, depois de gastar a grana da sua ultima corrida no drive thru do McDonalds comprando 2 combos BigTasty. Comeu o lanche, pôs todo o lixo na sacola, deixou no chão do banco do co-piloto, e no som do carro toca o acústico do Nirvana, que ele selecionou pelo celular que tá conectado por bluetooth. Deitou no banco traseiro e mandou uma soneca nervosa, ainda com molho do BigTasty nos cantos da boca. Acordou assustado ouvindo pancadas no vidro, sua visão ainda embaçada pela embriaguez de lanches e cannabis, viu apenas o contorno de um cara de boné, batendo com um revólver preto na sua janela. Em desespero, abriu a porta do lado oposto onde estava o bandido, e saiu correndo pela rua na direção em que apontava a placa traseira de seu carro, e virou à  direita na primeira esquina que viu, seu coração em bpms mil começou a acalmar pois ele avistou um carro de polícia na mesma quadra em que fez a curva correndo. Ele se aproxima do policial, explica o ocorrido, narrando sua fuga de maneira heróica. Enquanto o policial, com uma expressão impaciente e irônica, interrompe  e diz “Você estava naquele corsa preto sedan, não era? Eu passei pelo seu carro, que estava estacionado numa área proibida de estacionar, e ai dei umas voltas, 15mins depois, o seu automóvel ainda estava estacionado de forma irregular, então avisei a CT. O agente foi averiguar e reparou que o motorista estava dormindo no banco de trás, ele bateu na sua janela pra te acordar, porque seu carro estava prestes a ser guinchado. A arma que você acha que viu, era o rádio dele, e seu carro não foi roubado, ele foi guinchado. E mais uma coisa, você saiu correndo e deixou a porta aberta, o agente ao fechar, sentiu um cheiro forte de maconha vindo do interior do veículo, e aí ele viu no banco traseiro, um enorme tablete de maconha. Você era o único dentro do automóvel, que está no seu nome. 

Enquanto o motorista do uber é levado, dentro da viatura, algemado no banco de trás, ele enxerga, entre o contorno escuro dos bancos dianteiros, bem além do vidro e do capo da viatura, um céu rosado com o pôr-do-Sol mais intenso e emocionante que já viu, e cai num transe de tristeza, cansaço, plenitude e paz pós-desespero, enquanto pensa "Esse pôr-do-Sol está tão lindo, poderia ser o último". O policial aponta para um rapaz que está parado na calçada, alguns metros à frente da viatura e diz “Mais um maluco na rua, olha esse aí, olhando fixamente pro céu, esse é doido, deve ser primo seu”. Conforme a viatura passa por ele, seu olhar desce em diagonal passeando pelo carro do policial, e então seus olhos encontram o do motorista de uber no banco de trás. O trânsito segue, viatura passa, o rapaz maluco da calçada fica pra trás, e o motorista segue no banco traseiro da viatura. Ambos atingem a plenitude, pois agora sabem que são um só, e sua única preocupação é existir em minha imaginação.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Você não foi aprovado

Fui numa entrevista de emprego em São Paulo, não fui aprovado. Sou patético.

domingo, 15 de julho de 2018

Queria poder me matar sem fazer minha família sofrer, o pior não é ninguém se importar, o pior é ter gente que se importa e aí o fim da minha vida arruinar a dos outros.

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Velorio a caminho

To perdendo gente na minha vida, que eu achei que teria contato e amizade até o fim dos meus dias e noites. Meu velório estará cada vez mais vazio. Mas talvez, quem esteja lá, seja quem realmente importe.
Parasitas sempre aparecem dias depois do velório.

sexta-feira, 29 de junho de 2018

Pois eu luto também 
E o gongo não soa enquanto você não morre 

quinta-feira, 28 de junho de 2018

5:34am

5:34 da manhã
Quem aí ainda não dormiu?
Mas o dia começa
pra quem segue firme 
ou tropeça

De ontem pra hoje, não fui só eu
mas muita gente caiu
A luz matinal mata o breu
como se fosse um fuzil

Meu GPS não muda a localização 
Sua imobilidade, minha instabilidade
Nossa depressão 

O ódio é um detector de fumaça e eu estou pegando fogo
socorro
eu já sofri demais 

Eu já sofri demais 

domingo, 24 de junho de 2018

A formiga, o Breu, e eu

Quase piso na formiga na escuro, não a vi mas sei que ela me viu, e seria triste, ser pisoteada sem ser notada. Ser esmagada pelo nada, sem razão e motivação, toda excelência e resiliência formiguense deixando de existir, porque não a vi. Nem tem como aceitar as desculpas, pois não tem do que se arrepender, caminhar no breu é assim, eu não a vi e PRKTGH eu piso nela e todas as patas e sua incrível mobilidade e notável força. Inúmeros documentários sobre sua anatomia e importância para o meio ambiente, esmagada e extinta só porque não acendi a luz, não quis ter certeza de onde eu estava pisando. Porque são apenas mais uns passos para mim, o que são passos? Eu nem os conto, mas para essa formiga, aquele passo foi fatal, pra mim é um passo, para a formiga é o passo. O último acontecimento na vida dela, eu passando por cima dela, pra mim é só mais um passo, pra mim é só mais um pensamento pessimista, como muitos que tenho tido. Não pisei na formiga, eu desviei graças a algum reflexo meu e sorte dela, e que sorte a minha, porque se eu soubesse ou sentisse que pisei na formiga ou em alguém, isso me arrasaria, mas você pisou em mim, e isso não fez diferença no seu dia.
Temos um roteiro para o terceiro filme do Homem Formiga. 

Pouca Farinha Magic Weed

Fui estacionar o carro.
Abri a porta, um rapaz disse “Opa, vou tomar conta. Tem como deixar um adianto?”
Falei que não tinha dinheiro e perguntei se ele gostava de maconha, ele concordou com um sorriso de boca fechada, porém seus dentes brilhavam através dos olhos. Dei-lhe um pedaço da paranga que comprei na Pouca Farinha. Ele pôs no bolso e agradeceu. Dei uns 7 passos e ouvi ele dizer “Mas tem como na volta me dar um trocado, chefia?” E eu respondi “Maconha é tudo que eu tenho no momento”. Ele tirou do bolso, cheirou o pedaço macio de prensado verde amarelado, olhou pra mim mostrando todos os dentes, como se eu fosse um dentista oferecendo um ano de tratamento dentário gratuito, e eu concordei com sua expressão dizendo “É, eu sei”
Ele caminhou no sentido da fila de carros estacionados,  segurando a paranga como se fosse um pássaro que caiu do ninho e com todo cuidado, ele pôs no bolso, como se fosse devolvesse o pássaro ao ninho. Fui ao orquidário.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Um dom que não me dá dinheiro

Então, você está pensando em continuar?
Por mais que eu ache(tenho certeza) que você está fadado a falhar miseravelmente, deixa eu te falar uma coisa: você tem muita coragem, e isso vale para coisas boas e estúpidas, o que reflete quem você é, quem você foi, bondoso e estúpido, coitado do estúpido que não sabe que é estúpido.

Você não pula obstáculos
você os constrói bem a sua frente

a uma altura
que tentar pular


seria loucura.
Mas sei que você já se acostumou a agir assim.
Uns buscam vida em Marte, eu ainda busco em mim.

Mordi todos os dedos que travam ao pensar nessa composição
Fazem semanas os olhos evitam mirar o meu violão

Uma busca pela condição
que me dê a sensação
de estar pela metade
ou quem sabe inteiro

Te deram dúvidas
me deram dívidas
e eu tenho um dom
que não me dá dinheiro

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Buzina de vaias

To em Santos, escuto navios buzinarem como se estivessem me vaiando. Chove e o som parece abafado, mas da pra ouvir com clareza, BOOOOO, BOOOO, sai daqui, Gabe.
Exaustão.

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Bom dia, Sofrimento

Não importa se hoje é sexta, se amanhã é sábado ou se depois vem domingo, segunda ou terça. Todo dia parece ser dia de sofrimento.

domingo, 10 de junho de 2018

Workshop do auto abandono

Hoje eu to conturbado, até as menores possibilidades de conflitos me perturbam, nem uma micro rachadura passa pelo meu radar sem que essa brecha se torne um enorme precipício onde eu me projeto, como dublê das minhas sabotagens, e sempre dando errado como o Tom Cruise para o último Missso Impossível, porque no meu caso, realmente é, é impossível voltar a ter saúde mental e paz de espírito depois que destruíram minha vida, levaram quase tudo, menos meu talento, que eu sei que tenho, sempre soube. Mas de que me adianta, não serve nem para ter uma banda tocando para mim no meu funeral, porque a banda sou eu e eu estarei morto. Morto e silencioso, finalmente, silêncio, será que a morte vem com fone anti ruído vitalício, anti vitalício.
Eu ando repleto de ódio, nunca perdoarei quem me abandonou e me deixou nesse momento. Enquanto eu estiver vivo, torço pelo pior de vocês.

Meu corpo é um veículo vazio no modo automático rumo a um penhasco

quinta-feira, 7 de junho de 2018

workshop de dor

Se o Karma existe, ele tá me confundindo com alguém, porque eu não posso ser merecedor de tanto sofrimento. Final feliz é a hora que param de filmar, e as câmeras a minha volta já foram desligadas fazem anos.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Hoje

hoje eu to terminando de compor as bases de Vanila, Veneno & Carrasco.  Nessa música vai ter piano

segunda-feira, 4 de junho de 2018

domingo, 3 de junho de 2018

Quem vai me matar agora?

Tenho tido pressão baixa sempre que saio de casa, to desenvolvendo pânico de uma maneira que ainda não tinha acontecido comigo. É estranho tentarem acabar com minha vida, mas as pessoas não vem me matar. Agora estou nessa cidade, distante de tudo, com ódio de todos. Fui Roubado, usado, difamado, mas no fundo eu permiti que tudo isso acontecesse. Eu espero o pior dos outros porque sempre me projeto nas pessoas, mas vocês me superaram. Arquétipos do meu apocalipse pessoal, não é o fim do Mundo, é apenas o fim do meu Mundo.
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Quem vai me matar agora?
Voce?

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Sombra dos Sanguessugas

Fiz essa música sobre as pessoas que me usaram e me abandonaram

Nem sanguessugas me querem mais , porque você drenou todo o meu sangue
Levou meu plasma, me deu asma, me largou  na guerra, levou o meu tanque
O horizonte é mais bonito de se olhar ao lado de quem está vencendo
O Sol brilha pra todos, mas ninguém quer dividir a sombra com quem tá perdendo
Dentro do meu tênis sufoco o meu pé, marchando nessa esteira desligada chamada fé

domingo, 27 de maio de 2018

Soe sua Insônia

1, 2, 3, 4, 5 meses
que eu não durmo sem me revirar na cama algumas vezes
6, 7, 8, 9 Dez mil baratas de ouro em um esgoto nobre
Meu pesadelo canta trashmetal no berrante
Enquanto o corpo sua fora todo o desodorante
Um reflexo infinito que me julga a todo instante
Auto depreciação virou rotina
Mas sou Eu que sou maçante

Parcelei em 37 vezes minha vida no cartão 
Quem nao deve
Nao teme
Mas quem teme
Chama o medo de irmão
E não precisa teste algum de DNA 
para comprovar
Somos gemeos siameses 
que desafinam ao cantar
Nosso estado de espirito é mal assombrado
Uma casa dos horrores onde o aluguel ainda não foi pago
Estamos a zero dias sem comer o pão que o diabo amassou
Ele é nosso chapeiro e o lanche nunca esfriou

1, 2, 3, 4, 5 meses
que eu não durmo sem me revirar na cama algumas vezes
6, 7, 8, 9 Dez mil baratas de ouro em um esgoto nobre
Meu pesadelo canta trashmetal no berrante
Enquanto o corpo sua fora todo o desodorante
Um reflexo infinito que me julga a todo instante
Minha auto depreciação virou rotina
Mas sou Eu que sou maçante

Vanila, Veneno & Carrasco

Se você ja ouviu falar de mim, provavelmente foi mal
metástase de mentiras formam  um fractal
Um circulo nunca é a forma perfeita se eu estiver dentro dele, meu caos é sereno
A Terra não é plana e eu não sou pleno, confiar em vocês foi doce como vanila e veneno
Famosos não querem ser amigos virtuais 
de futuros executados em praça publicas reais


Eu deixei dar a minha opinião pra não ofender quem hoje me deixou no chão.
A sua poesia eu detestei, a musica que você me mandou eu não escutei 
porque eu tava ouvindo os problemas de gente que eu nem sei
o sobrenome ou erros que elas cometeram, mas todos preencheram
os requisitos para serem meu carrasco
churrasqueiros que não entendem de carne mas querem fazer churrasco

Segredos inventados sobre mim tocam em falantes nos carros de som
Faça um post pedindo minha cabeça numa bandeja, ela está em promoção
Busco minha rapsódia e quem sabe nela uma salvação
Tenho ódio por parodias e de quem acha que isso é composição

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Sua mentira, meu problema

Problemas. Que se juntam e nem todos são problemas, alguns só querem ser mesmo, veem problemas reunidos e criam uma identificação, e aí decidem “vou ser um problema também”. Pois você pode ser o que quiser nessa vida, inclusive problema meu. Eu recebi ameaça de morte, 3x em 24hrs, de uma pessoa só. As contas não batem, foram 3 ligações e eu só tenho uma morte, jogue joquempo com si mesmo, você tem duas mãos. Eu to entrando num túnel, evite buzinar, faça uso dos aplausos médios de ódio disponíveis no acostamento. Me chamaram pra ir até Petrolina trabalhar numa capotaria, em Pernambuco, sumir, labutar e morrer caduco, virar pastraminhoca. Tudo que eu tinha eu perdi, menos os xingamentos e teclados apontados pelo dedos, eu perco cabelo e fazem tiro ao calvo. Sofá vermelho, sofá laranja, peguem meu sangue carne e penas e façam uma canja, e aí joguem no esgoto, e sirva miojo pra todo mundo. Não odeiem de estômago vazio. Eu odeio vocês, então vou comer algo.